sábado, 19 de julho de 2008
quinta-feira, 17 de julho de 2008
quarta-feira, 16 de julho de 2008
terça-feira, 15 de julho de 2008
Syny Severa - Orlinyj Vzor
Arquivo Virtual sobre Holocausto e Anti-Semitismo (Arqshoah) traz documentos que revelam postura do Brasil diante do Holocausto
No próximo semestre, o Laboratório de Estudos de Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER) da USP, em conjunto com o Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, promoverão a apresentação pública, na capital carioca, do Arquivo Virtual sobre Holocausto e Anti-Semitismo (Arqshoah). O projeto reunirá em um portal na internet diversos materiais, entre eles cópias de documentos oficiais que revelam o posicionamento do governo brasileiro e de seus diplomatas diante do Holocausto e dos refugiados judeus do nazi-fascismo.
Esta apresentação pública dá continuidade à apresentação ocorrida no último mês de abril, no Clube Hebraica, em São Paulo, durante o lançamento do livro O Anti-Semitismo nas Américas (Edusp; Fapesp, 744 pp.) organizado pela professora Maria Luiza Tucci Carneiro, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e coordenadora do projeto Arqshoah.
Na ocasião, foram distribuídos folders sobre o Arquivo Virtual contendo formulários para serem preenchidos por pessoas que conhecem sobreviventes dos campos de concentração nazista ou por refugiados do nazi-fascismo que moram no Brasil. "A idéia é localizar quem possa contribuir com a construção do Arqshoah, seja por meio da indicação de depoimentos desses sobreviventes ou da doação de documentos relacionados com as suas trajetórias de vida", explica Maria Luiza.
Entre os documentos já identificados por Maria Luiza e sua equipe de pesquisadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) estão várias circulares editadas entre 1938 e 1944 pelo então chanceler Osvaldo Aranha. "Uma delas é a Circular 1.249, datada de 27 de setembro de 1938, que exigia a apresentação de passagem de ida e volta para a concessão de visto de entrada de judeus na categoria turista", conta Maria Luiza. "Outros documentos comprovam que, mesmo após o final da Segunda Guerra, o governo brasileiro manteve restrições quanto à entrada de judeus e estrangeiros no País. Porém, no exterior, — na ONU, por exemplo — o Brasil apresentava, na época, uma imagem 'humanitária'."
Por meio dos links do portal Arqshoah o consulente poderá acessar inventários com trajetórias de vida de sobreviventes do Holocausto radicados no Brasil; as rotas de fugas usadas pelos refugiados; uma galeria com as histórias dos brasileiros que ajudaram a salvar judeus; as produções artísticas produzidas no Brasil sobre o tema do Holocausto — em especial, a obra do pintor Lasar Segall. Haverá também uma "biblioteca virtual" com os livros de memórias de sobreviventes e as obras que ajudaram a formar o pensamento anti-semita de alguns intelectuais brasileiros. No link "Ação Educativa" os educadores poderão reproduzir material didático para introdução do tema Holocausto em sala de aula.
"A previsão é que o Arqshoah seja colocado no ar em 27 de janeiro de 2009, mesma data aprovada pela Organização das Nações Unidas [ONU] como Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto", conta Maria Luiza. Será disponibilizada uma amostragem significativa de um total cerca de 10 mil documentos coletados nos arquivos: Itamaraty, Nacional do Rio de Janeiro, Histórico Judaico Brasileiro, da Família Lorch (São Paulo), além de arquivos da Alemanha, Itália, Portugal e França.
"O Arquivo Nacional do Rio de Janeiro vai disponibilizar seus fundos inéditos que permitem identificar as fichas de imigração de judeus que buscaram refúgio em terras brasileiras" revela Maria Luiza. "Muitos ingressaram com vistos de turistas, como católicos ou com passaportes falsos, situação que dificulta contabilizar o total de vistos oficiais concedidos pelo governo Vargas. Será possível também conhecermos o número de vistos deferidos e indeferidos, assim como o nome dos diplomatas responsáveis."
Por um milhão e meio de crianças
O link "Ação Educativa" do Arquivo Virtual vai disponibilizar o material didático produzido para as Jornadas Interdisciplinares sobre o Ensino da História do Holocausto como depoimentos dos sobreviventes, poesias, arte, cinema e roteiros de peças de teatro sobre o tema. As Jornadas são organizadas pelo LEER, com o apoio das Secretarias Municipais de Educação das cidades envolvidas com o programa "Educando para a Cidadania e a Democracia". São parceiros institucionais a B´nai B´rith do Brasil, presidida por Abraham Goldstein, e o Centro de Estudos Judaicos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), coordenado pela professora Helena Lewin.
Neste ano, a Jornada já aconteceu nas cidades de Curitiba (6 de junho) e Rio de Janeiro (14 de junho) envolvendo um total de 400 professores. Em São Paulo, o evento — cujas inscrições já estão abertas — será no próximo dia 16 de agosto e terá como tema "Por um milhão e meio de crianças". Em 2009, estão previstas jornadas em Porto Alegre, Recife, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo.
O Arquivo Virtual sobre Holocausto e Anti-Semitismo tem o patrocínio da Fapesp, da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP, da B´Nai B´rith do Brasil, da Cyrela Brazil Realty. O projeto reúne cerca de 20 pessoas entre bolsistas, colaboradores, voluntários e outros profissionais. Os documentos já estão sendo digitalizados por um grupo de bolsistas da Fapesp. As gravações de depoimentos de sobreviventes estão a cargo do jornalista Pedro Ortiz, diretor da TV USP, e da pesquisadora Raquel Mizrahi. A diretora de teatro Leslie Marko é a responsável pelas peças de teatro.
As pessoas interessadas em contribuir com material podem entrar em contato pelo e-mail arqshoah@usp.br, pelo telefone (11) 3091-8598 ou no LEER - Departamento de História (FFFLCH/USP), Prédio da História e Geografia, Av. Prof. Lineu Prestes, 338, Cidade Universitária, São Paulo, SP, CEP 05508-900.
Fonte: Blog Net Judaica
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